23.6.05

CHUVA DE CAJÚ

01*Preciso de começar por algum lado, porque já chegou o tempo da “CHUVA DO CAJÚ”, acerca da qual escreveu o meu amigo e confrade Domingos Van-Dúnem: <...nesse sábado de chuva miúda da rega dos cajús, eramos mais de dez pessoas à volta do Mais Velho...> - (In “Milonga” – pg. 21). primeiro chuvasco aconteceu de surpresa e para os lados de Malanje onde o povo ficou firme, à chuva, mas firme. Molhado mas decidido a não deixar que o venal governador mandasse a parte a botar faladura.
Aproveitando o respeito devido a quem estava ao lado e que era nada menos que o Soba Grande.
Qual nada. A chinfrinada do público pôs termo às pretensões do governador que se julgou rei dos tontos. Uma vez por todas as coisas têm que começar e ser claras.
Chegou o tempo da “CHUVA DO CAJÚ”. Os responsáveis não podem ser responsáveis só de nome. Têm de exercer, de pôr em prática a sua condição de responsabilidade, porque já basta de contemplações, não só ante os abusos, como ante a incapacidade e a irresponsabilidade que caracteriza a maior parte do staff político do país.
Se queremos ser uma nação a sério, temos de desterrar a era do amiguismo tipico africano, que tem de ceder lugar à capacidade, à humildade e à responsabilidade. A “Chuva do Cajú” não perdoa e molha...
02 – A situação de milhões de angolanos é aterradora e precisa-se de ajuda imediata. Contudo, ao que sei, vários embaixadores acreditados em Luanda manifestaram-se reticentes quanto ao apoio que os seus respectivos governos devem dar ao recente apelo das autoridades angolanas solicitando sessenta e quatro milhões de dólares para o programa de assistência aos familiares dos soldados da UNITA aquartelados em várias partes do país.
Alguns diplomatas até disseram não saber como podiam escrever aos seus governos para interceder no apoio a esta iniciativa das autoridades angolanas, devido ao ínfimo valor solicitado. Até houve um que chegou a ironizar: “Só o combate de boxe entre Mike Tyson e Lennox Lewis superou pelo dobro o pedido do Governo”.
Sessenta e quatro milhões de dólares é um montante que não justifica o recurso à comunidade internacional. Parece ridículo que se faça um apelo internacional por esse monto. Pode haver é um erro de valores. Mas, se o cálculo está mal feito, é tempo de se fazerem bem as coisas e proteger-nos da “CHUVA DO CAJÚ”. O ministro responsavel por este erro que nos põe a ridículo, deve demitir-se já. Porquê ? Por causa da chuva. Por incompetência, pah! 2002-11-29