5.4.05

Kota Kandimba

Sebastião Coelho nasceu em Nova Lisboa, cidade fundada por Norton de Matos, hoje denominada de Huambo. Jornalista conhecido pela sua frontalidade foi também um nacionalista angolano que marcou o seu tempo. Adorado por uns, amaldiçoado por outros, mas por todos reconhecido como tendo uma escrita e um dizer fluente, foi um radialista de grande mérito.
O desacordo com o rumo dos acontecimentos da política de Angola, que ele ajudou a ser independente, e que por ela foi preso e privado de seus direitos, fizeram-no partir para a Argentina engrossando a diáspora de angolanos. Aqui passou cerca de dez anos e aqui morreu, depois de umas semanas antes ter sido convidado a ir a Angola, e onde visitou a sua terra Natal, depois de quase vinte anos de ausência. O grau de destruição da cidade, resultado da insanidade mental dos senhores da guerra, acaba confirmando a maldição da mulemba, onde, segundo a lenda, a cidade será destruida por um seu filho. E foi-o.
Sempre tive pelo meu primo Sebastião uma ternura especial, por ele retribuida ao longo de muitos anos em que nos fomos mantendo em contacto. Perdi-lhe o contacto quando foi para a Argentina, mas graças a esta maravilha da tecnologia, chamada de internet, acabamos por nos reencontrar e trocar algumas linhas. Mandou-me todos os seus escritos, e lisonjeou-me um dia ao enviar-me um rascunho de uma conferência que iria fazer sobre pintura generativa de Eduardo Mac Entyre de inspiração na arte africana primitiva. Era um excelente conversador e passámos uma longa noite em família, a última, recordando coisas de Angola e da família.
Depois da visita que fez ao Huambo falámos telefónicamente pela última vez. Disse-me com muita tristeza o que vira, e da sua casa, na rua dos jacarandás, encontrara apenas o chão.
Estas são algumas das suas crónicas, algumas disponíveis isoladamente em sítios da internet, mas que aqui queremos reunir, permitindo com este blogue que possam ser adicionados comentários. Esta acção que muito gostosamente faço, teve o prévio acordo de sua mulher Isabel.

6 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Oi,

Acho que é uma óptima iniciativa. É muito difícil ter informações sobre o Huambo e Angola em geral.

Em geral as únicas informações vêm dos testemunhos da família, o que dá um ponto de vista bastante reduzida.

11:06 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

ola tudo bem com tigo de saúde e de alegria na duença não s fala porque é o mal estado das pessoas, e ja estava

5:21 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Este comentário foi removido por um gestor do blogue.

5:39 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

lembro bem do Sebas, principalmente no programa sadiofónico:café da noite, boa musica em boa companhia. Que saudades desse tempo, que nã volta mais, descansa em paz querido amigo, que amaste Angola, tanto como eu, ou mais. Até sempre.

7:38 da tarde  
Blogger zevicente said...

Ora aqui temos uma ínfima parte da obra deste Grande Angolano Português, cujo saber os anglanos não souberam preservar e acarinhar, e que nos deixou grande saudade. Aconselho vivamente a sua leitura, e rogo a algum entendido que, em conjunto com os seus familiares, recolha mais obras suas, e as publique aqui, ou até em livro, que estou certo teria grande sucesso. Permitam-me que lembre aqui uma frase sua que ouviamos todas as noites na rádio: "Este é o café da noite, café de Angola, o café da cordealidade. Sebastião Coelho, Estúdios Norte, Travessa da Sé nº 40, Luanda".

3:34 da tarde  
Anonymous José Inácio Ferrão de Paiva Martins said...

O velho colono referido por Sebastião Coelho, apelidado de Samacaca era o meu Avô, José Augusto Ferrão de Paiva, emigrou por volta de 1908, dono das fazendas Soque e Maiaia, das casas entre o jornal Planalto e a Eva, fornecedor da lenha para os comboios do CFB, e um dos poucos colonos (Louçã, Lopes Gomes, Marta da Cruz, Benjamim Valentim, Coelho) que ergueram a futura cidade de Nova Lisboa

3:50 da tarde  

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